São Paulo, Sampa, SP, Éssepê, é a cidade em que nasci e que me acolhe há 38 anos, é também a cidade que escolhi para contar a sua historia através do meu trabalho. Com um tapa na cara a cidade se mostra para mim, me deixa caminhar livre por suas ruas e suas entranhas, me mostra seus cantos e seus encantos, algumas vezes belos e lúdicos, a maioria das vezes sujos e realistas. Nas minhas caminhadas presto atenção nas historias que a cidade me conta e desde 2010 resolvi contar a história de São Paulo através de suas fachadas. A cidade muda em silêncio, em um dia temos uma casa, no dia seguinte tapumes de madeira e na semana seguinte um prédio é erguido. De uma capela de 1927 perdida em uma rua da Vila Carrão, as casas com os tijolos baianos a mostra das periferias, os prédios antigos e históricos do centro até chegar aos modernos prédios comerciais com fachadas espelhadas, andei pelas Zonas Norte, Sul, Leste e Oeste durante 4 anos registrando esses verdadeiros achados arquitetônicos. Através dessas fachadas podemos ver a evolução da cidade, as grades de proteção adornadas das janelas das casas de bairros mais distantes do centro que ainda resistem ao tempo, os muros que foram se tornando mais altos com o passar dos anos ou simplesmente sendo derrubados para darem lugar a mais um empreendimento imobiliário, as pichações que marcam um território e os grafites que tornam a cidade mais colorida, cada fachada conta uma história de uma época, de um momento. Essa é a minha homenagem a cidade que nos consome através do seu caos. São Paulo, 461 anos, 461 fachadas!